A SPECO divulga este artigo de Fernando Peixeiro, jornalista da agência Lusa, publicado no Diário de Notícias.
A SPECO divulga, por este meio, o artigo "As aves da Lezíria que impediram o aeroporto do Montijo", escrito pelo jornalista Fernando Peixeiro e publicado no Diário de Notícias no dia 10 de fevereiro de 2024.
"Na lezíria do Tejo há uma ave a preparar-se para enfrentar um voo de 2.200 quilómetros. Penas cinzentas, bico e pernas compridas, é guardiã do estuário e por ela, e por outras 200.000, nega-se um aeroporto no Montijo.
Peito dourado, penas brancas que só se vêm quando levanta voo, o maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa) passou os últimos meses no estuário do Tejo, a maior e mais importante zona húmida do país, a comer, a descansar, e por estes dias volta à casa de verão, nos Países Baixos, para nidificar. Voo direto, dois dias inteiros. Alguns ainda vão para mais longe.
Atualmente estão 31 mil maçaricos no estuário do Tejo, mas podem chegar ainda a 40 ou 50 mil, metade dos que paravam por ali nos anos 1990.
José Alves, biólogo, conhece bem a ave. Por ela, mas também por todas as outras que usufruem do estuário do Tejo, 200 mil pelo menos, possivelmente "300 mil nas épocas migratórias", o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) chumbou há poucos dias a possibilidade de ser mantida a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) para um possível aeroporto no Montijo. "Novos estudos sobre a avifauna", alegou o ICNF para negar a validade da DIA que permitia um aeroporto no Montijo.
Investigador principal do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), da Universidade de Aveiro, especialista em ecologia e conservação da biodiversidade, José Alves lembra que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para o aeroporto do Montijo de há quatro anos deu parecer favorável à estrutura, o que até hoje não compreende, tanto mais que se trata de uma área protegida.
Em 2020 milhares de neerlandeses juntaram-se para a contestar (assinando numa petição). Mais uma vez em causa o maçarico-de-bico-direito, a ave nacional dos Países Baixos. Eram 200 mil no passado e hoje são 66 mil exemplares.
Tudo isso e o chumbo de um aeroporto por causa de um passarinho? José Alves sorri. "Mais do que um passarinho é uma bandeira, é uma declaração de Portugal a dizer que dá valor à biodiversidade." Leia mais.
Em 2021, a SPECO, juntamente com outras Organizações Não-Governamentais de Ambiente, denunciou a decisão do Governo de realizar uma Avaliação Ambiental Estratégica sobre a solução aeroportuária para a região de Lisboa, onde sublinham que o Montijo é uma "localização considerada inviável (...) aquando do processo de Avaliação de Impacte Ambiental". Leia mais.
+ ecoinfo | "As aves da Lezíria que impediram o aeroporto do Montijo" in dn.pt; "Oito associações ambientalistas acusam Governo de impedir avaliação séria sobre novo aeroporto" in sicnoticias.pt.
Saudações ecológicas.
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